No primeiro dia de 2018, o International Financial Reporting Standards 9 (IFRS ou Normas Internacionais de Relatórios Financeiros, em tradução livre) passa a vigorar no Brasil com as mudanças mais recentes sancionadas — e ainda há previsão de que novas alterações sejam incorporadas.
O assunto, com as novidades válidas até o momento, já deixa muitas dúvidas nos profissionais de contabilidade em relação às regras e aos procedimentos que mantêm as ordens de operação. Veja, a seguir, as 9 principais dúvidas sobre o IFRS 9:
Onde o IFRS 9 se aplica na escrituração contábil?
Normalmente, as diretrizes de ações são usadas em instituições financeiras porque tratam de ativos financeiros expostos a riscos. Porém, empresas em geral que possuem e movimentam ações, títulos de dívida e derivados também devem escriturar os seus processos de acordo com o International Financial Reporting Standards. Assim, as demonstrações contábeis evidenciam corretamente os ganhos e as perdas nessas operações.
Qual é a finalidade do IFRS 9?
Essa versão das normas internacionais de contabilização foi pensada não apenas para oferecer um instrumento de trabalho a contadores mas também para facilitar a elaboração das demonstrações contábeis e o entendimento de terceiros alheios. Em outras palavras, o conjunto de regras muda procedimentos de reconhecimento e de mensuração de pareceres financeiros.
Quando o novo conjunto de normas deve ser adotado?
Engana-se quem pensa que é a partir de janeiro de 2018, pois o 1º ano precisará de um comparativo para os instrumentos financeiros emitidos. Então, as empresas que necessitam do International Financial Reporting Standards em suas escriturações precisam deixá-lo pronto e funcionando até o fim deste ano.
Ou seja, em 2017, o IFRS 9 e a antiga versão (ainda válida) já devem estar em funcionamento simultâneo nos negócios que escrituram ativos expostos a riscos.
Quais são as categorias dos ativos financeiros no IFRS 9?
Diferentemente do que ocorre no substituído IAS 39 — que tem 6 categorias para ativos e passivos financeiros —, as novas regras admitem apenas 2 para as demonstrações:
- ativos financeiros ao valor justo;
- e ativos financeiros ao custo amortizado.
Para usá-los, a organização define as ações levando em consideração o seu modelo de negócios e/ou os aspectos do instrumento financeiro emitido para o caso.
Quais são os instrumentos financeiros?
De forma resumida, são as demonstrações de títulos de dívida e de títulos patrimoniais.
O instrumento patrimonial diz respeito aos títulos que compõem o patrimônio da empresa, com valores devidos aos proprietários deles (ações e quotas, por exemplo).
Já em relação aos pareceres de dívidas, são elencados elementos que não constituem o patrimônio, como debêntures vendidos.
Como é feita a contabilização dos ativos financeiros?
Independentemente da demonstração, os ativos e os passivos devem ser contabilizados com soma ou subtração de custos ou receitas direto nas transações como corretagem e despesas jurídicas. Essa prática é muito importante para a atribuição ou não da taxa de juros nominal ou efetiva.
Quais benefícios são apresentados?
Pela mudança nas categorias das demonstrações, o IFRS 9 é mais bem adequado aos modelos de negócio das empresas que precisam adotá-lo. E isso se expressa nos instrumentos de mensuração, análise e evidência de informações mais confiáveis no elenco de ativos e também na exposição das perdas esperadas.
Ferramenta de gestão simples
A gestão é beneficiada com a possibilidade de avaliações melhores graças à possibilidade de criar um planejamento estratégico eficiente para futuros cenários. Além disso, a constatação para terceiros aos quais os instrumentos importam é potencializada e mais clara.
Fluxo de caixa relacionado a ativos expostos a riscos
Pelo fato de haver mais clareza na escrituração de operações, os fluxos de caixa relacionados — otimizados pelo International Financial Reporting Standards — possuem muito potencial de mostrar os resultados e a sustentabilidade do trabalho com tais ativos. Caso não gerem lucro nem deem retorno de perdas, despesas e investimentos, o negócio consegue verificar e planejar ações preventivas ou mudanças mais facilmente.
Auditoria
Segundo a empresa de assessoria e auditoria Deloitte, o IFRS:
- melhora e padroniza políticas contábeis;
- organiza e permite o uso mais eficiente de recursos;
- ajuda no controle exato de valores;
- e otimiza a gestão do fluxo de caixa contemplando as operações com ativos.
Já o conglomerado internacional de empresas de assessoria empresarial e tributária e auditoria PwC elaborou outro documento listando como principais benefícios:
- a transparência;
- um mercado de ativos mais bem informado;
- a apresentação de oportunidades de negócios;
- a redução de erros e da complexidade na contabilidade;
- e a indução a julgamentos de ativos de forma estritamente profissional.
Qual foi a principal mudança em relação ao IAS 39?
No antigo modelo, as perdas de crédito funcionavam como incorridas — o que foi alterado para previsíveis. Com isso, os demonstrativos passam a ser tratados de forma a apurarem as possíveis perdas dessa forma. E o resultado é a possibilidade de adoção de um modelo de risco mais adequado para os negócios envolvidos, projetado de forma mais clara pelos departamentos financeiro e de risco.
Haverá algum problema após a implementação do novo modelo?
Mesmo com a total adaptação das empresas, infelizmente podem ocorrer “assimetrias em operações dentro do Brasil por algum tempo”, como declarou o sócio da PwC Kieran John McManus.
Segundo ele, o Banco Central não dá sinais de que adotará as novas medidas em breve para seus processos dentro do Brasil. Então, pelo menos no próximo ano, divergências podem ocorrer constantemente.
Mas, ainda que a principal instituição financeira do país protele a adoção e cause transtornos, as demais organizações passam a trabalhar com o International Financial Reporting Standards no começo do próximo ano pelos benefícios que o novo conjunto de normas representa e pela necessidade de comparativo para 2018.
E além de potencializar o trabalho, o IFRS 9 representa melhoria em processos de instituições e empresas, refletindo no mercado de ativos como um todo. Ainda que isso já ocorria com o modelo anterior, o novo descomplica o que não foi otimizado.
Você tem mais alguma dúvida sobre as novas regras internacionais para escrituração de ativos financeiros? O que você acha do International Financial Reporting Standards (IFRS)? Deixe um comentário e compartilhe as suas ideias conosco!