O cenário da economia brasileira não é dos melhores, mas uma crise não é apenas um momento de turbulências, é também um momento propício a mudanças e de grandes oportunidades. A palavra crise tem origem grega e era usada pelos médicos quando seus pacientes entravam em situação crítica depois de serem medicados. Dali em diante eles sabiam que seus pacientes encontrariam a cura definitiva ou morreriam, isso é, o atendimento teria um desfecho e definições. Para os empreendedores, um momento de crise também força definições. Ver a banda passar não é o melhor caminho e, por isso, vamos mostrar que empreender em tempos de crise pode ser uma escolha acertada.
Antes, é importante rememorar a atual situação do cenário brasileiro evidenciando o momento delicado que amedronta e afeta empresários e donas de casa. O noticiário recente mostrou que o Brasil perdeu o grau de investimento, o real está desvalorizado e a instabilidade política afeta ainda mais o contexto econômico. Não acabou! A alta dos juros e a rigidez da política monetária do Banco Central do Brasil são outros fatores que diminuem a rentabilidade das empresas. Uma crise grave existe e as perspectivas de reação estão num futuro um pouco distante.
A resposta dos bancos também não é acalentadora. Eles estão mais criteriosos para conceder financiamentos e, em muitos casos, negam “ajuda”. As notícias que vêm de fora também não são positivas, como a freada da atividade econômica na China, que impacta negativamente no preço das commodities e enfraquece a taxa de câmbio de países que exportam muito, como é o caso do Brasil.
A crise existe, não é pequena e já vem modificando diversos ramos de atividade, diminuindo empregos formais, gerando trabalhadores autônomos, quebrando empresários desavisados e beneficiando os criativos, de visão rápida e com coragem suficiente para arriscar e enfrentar o problema.
Formas de empreender em tempos de crise
A alternativa é simples: nadar contra a maré. Todos estão com medo de pôr suas ideias em prática porque sabem das turbulências econômicas do país. Pois bem, nesse cenário, a concorrência para lançar sua ideia certamente será menor. Seu produto tem mais chances de ser aceito por todo e qualquer consumidor que dele necessite. Em alguns casos, você será um dos poucos a oferecer o produto, ou um serviço que sabe prestar.
Tenha em mente outro fato: grandes empresas têm compromissos diferentes de empresas que estão começando. As empresas maiores fecham muito mais folhas salarias no meio do mês e precisam responder acionistas, fornecedores e clientes cativos. Pequenas empresas precisam difundir sua ideia, possuem menos compromissos relacionados ao dinheiro. As empresas começam, às vezes, com apenas um funcionário: o empreendedor criativo e apaixonado pelo que faz. Já as empresas grandes, em momentos de crise, resolvem demitir porque precisam cortar custos.
Outra característica de cenários econômicos turbulentos também reforça a tese de que empreender em tempos de crise é uma alternativa viável. Crises ocorrem em períodos cíclicos e não são eternas. No caso do Brasil, os economistas acreditam que a curva de crescimento ocorra pelo menos em 2017. Em outras palavras, serão no mínimo mais dois anos de incertezas e medo. Entretanto, em geral, as empresas precisam de alguns anos para trazer resultados positivos e retorno financeiro. Segundo os especialistas, três anos é o período mínimo para que isso aconteça, logo, uma empresa precisará enfrentar períodos de incerteza financeira, não importa muito se o cenário externo também estará ruim. Em outras palavras, a situação do mercado não impacta tanto no período de criação de uma empresa, quanto afeta empresas já existentes e consolidadas.
Outro tabu precisa cair: quebrar no comando de uma empresa, ou falhar em uma ideia não deve ser a linha de chegada de uma carreira. Essas experiências precisam embasar as ideias futuras e certamente agregarão visão estratégica para quem tem a certeza de que empreender é o caminho para gerar satisfação profissional e pagar as contas. A crise pode ter quebrado sua empresa, destruído seu ramo de atividade, não pode, entretanto, quebrar sua carreira e destruir sua autoestima. Pergunte-se se é possível dar a volta por cima e tenha coragem para mudar seu ramo de atividade, ou mudar o funcionamento dele.
Dicas para quem vai arriscar em tempos de crise
Busque oportunidades: o cenário de crise diminui a concorrência entre empreendedores, isso é, menos gente se arrisca. Além disso, uma crise econômica vai mexer em diversos ramos de atividades e forçar as pessoas a fazerem mais com menos, o que pode significar uma ideia excelente na forma de produzir algo, ou pode significar também demissões em massa no caso das grandes empresas. Procure oportunidades, pesquise, converse com pessoas do ramo em que pretende se lançar e ponha a cabeça para funcionar! Pense!
Construa parcerias: um empreendedor precisa conversar diariamente sobre seu trabalho, seu mercado, sua rotina. Precisa lidar com informações novas e antigas do seu ramo de atividade. Boas parcerias podem evitar erros clássicos e pitorescos da vida empresarial. A experiência é irmã do olhar clínico e eles são capazes de identificar um erro a quilômetros de distância.
Desenvolva a sensibilidade: Observe o mundo a sua volta. Um empreendedor precisa saber sobre pessoas, hábitos e problemas comuns da vida moderna. Baseadas nas dificuldades mais corriqueiras das pessoas, as ideias criativas serão capazes de “salvar vidas”, algumas realmente em desespero, outras necessitando apenas de um pouco mais de praticidade. soluções relacionadas a aumento de produtividade, redução de custos, tecnologia e inovação são bem-vindas em tempos de crise.
Diversifique experiências: As preocupações de Mark Zuckerberg e de Bill Gates merecem a mesma atenção dos dilemas do comerciante da esquina e dos microempresários da rua. Você pode atuar num setor específico e bastante segmentado, porém, ele pode ter alguma relação com outros setores. Além disso, seu leque de soluções aumentará se a sua visão for ampla e diversificada.
Drible as despesas: Em tempos de crise a concessão de crédito fica mais criteriosa e os bancos menos amigáveis. Empresas que necessitam de crédito devem buscar soluções e otimizar a utilização de recursos. Uma saída para ter capital de giro é comprar no prazo e pagar somente depois que vender. O setor de vendas, nesse caso, tem que ser muito eficiente.
Informe-se o tempo todo: setores que trabalham com bens duráveis foram os primeiros afetados pela crise e devem ser os últimos a recuperar o fôlego. Setores relacionados a produtos importados também devem ser evitados. Por outro lado, os produtos ou serviços com valor mais reduzidos são atrativos porque foram menos afetados pela crise. Pretende abrir um e-commerce? Saiba que as novas regras do ICMS complicaram a vida das pequenas empresas.
Seja um negociador: ninguém melhor que você deve conhecer as vantagens que um cliente ou um parceiro terá se relacionando de alguma forma com seu negócio. Desenvolva formas de vender sua ideia e seja honesto na hora de elaborar seus argumentos. Se não pode oferecer o que promete, não vai cativar clientes e perderá credibilidade.
Essa é a hora de arriscar!
O atual cenário econômico apresenta instabilidade e deixa em alerta até mesmo os mais otimistas e destemidos empreendedores. Entretanto, é possível empreender em tempos de crise. Em alguns casos, essa será a única alternativa para gerar renda por conta da escassez de empregos formais.
É claro que os cuidados para empreender em tempos de crise devem ser redobrados do que numa situação econômica mais estável. Não se pode desconsiderar e ignorar os problemas da economia. O beabá do empreendedorismo também serve em tempos de crise: uma ideia a ser implantada precisa de estratégias e formas para vender a quantidade de produtos ou serviços que seja capaz de gerar lucro. Se conseguir trazer retorno para a comunidade e a sociedade, então, essa ideia pode ser ainda mais promissora.
Você tem mais dicas para quem pretende empreender em tempos de crise? Compartilhe suas ideias nos comentários.